#51 - a real sobre viver de arte y a armadilha silenciosa
quem acha que vai viver de arte sem ter que 'correr, Lola, correr' me parece estar dentro de uma bolha muito privilegiada ou então de uma bolha de pura ilusão.
A maioria das artistas cai em uma armadilha silenciosa: acreditar que oportunidades e reconhecimento financeiro surgirão naturalmente, como consequência inevitável do seu grande talento. Esperam passivamente que galerias, clientes e admiradores batam à sua porta, descobrindo seu trabalho por algum golpe do destino. Eu sei, eu já estive nesse lugar.
A realidade, porém, conta outra história. O sucesso no mundo da arte raramente é passivo – é resultado de uma busca intencional e estratégica. As oportunidades mais valiosas não caem do céu; elas são ativamente perseguidas, criadas e, muitas vezes, construídas do zero pela própria artista.
Os casos de "descobertas mágicas" ou convites inesperados são exceções, não a regra – e mesmo esses frequentemente resultam de anos de trabalho consistente nos bastidores. Mesmo pra aquelas com contatos privilegiados na indústria criativa, o caminho raramente é simples ou automático.
A verdadeira arte não está apenas na criação, mas também na capacidade de abrir portas, navegar pelo mercado e transformar seu talento em uma carreira sustentável. Quando você compreende que seu sucesso depende tanto de sua busca ativa quanto de sua expressão criativa, um novo mundo de possibilidades (e caos) se revela.
Caos porque no fundo, no fundo, não queríamos ter que nos preocupar com isso. Não é 'cool' ter que vender, e vender pode nos parecer muito negativo (por vários motivos que nem vou começar a citar aqui).
Se a obra é um reflexo de quem eu sou, então, quando coloco um valor nela, estou marcando um valor em mim também? Isso é assustador! Essa identificação com a obra é uma benção e uma maldição.
Não me parece 'cool' o suficiente ter que correr atrás das oportunidades. Dá preguiça também, eu sei. Mas, veja bem, essa é a vida real. E ela não é tão glamurosa assim. Quem acha que vai viver de arte sem ter que 'correr, Lola, correr' me parece estar dentro de uma bolha muito privilegiada ou então de uma bolha de pura ilusão. E essa bolha explode quando você cai na realidade de que vai ter que se manter ativa no movimento de se fazer presente, tanto pra criar quanto pra produzir, se quiser realmente se sustentar de arte.
Assumir pra si que você precisa da grana e do reconhecimento já é um grande passo, entender o mundo em que vivemos, cair na realidade desse mundo, é assustador, mas liberta. Você não vai mudar esse mundo, mas pode mudar algumas realidades com a sua arte — inclusive, a sua. E talvez isso te impulsione a seguir no corre (ou não, e tudo bem).
As artistas precisam se sustentar: de si, da sua arte e da sua realidade - que é material. E a razão de eu querer fazer dinheiro com a minha arte é pra poder ter mais tempo de fazer arte. Seguir sustentando a mim mesma e a minha vida, mas também com a fé de que a expressão se faz essencial e que ela transforma algumas vidas. E por isso faz sentido seguir ativa — mesmo em tempos tão incertos e poluídos.
“A arte existe porque a vida não basta” já dizia Ferreira Gullar.
essa tirinha simples y incrível da Laerte.
11 espaços de cinema em São Paulo, por Paula Jacob.
mais um podcast incrível do Prato Cheio: “comer, rezar, gentrificar”.
Sabe aquela sensação de bloqueio, de falta de inspiração ou até mesmo de preguiça que te impede de criar? Pois é, eu também já passei por isso! Mas, acredite, organizar seu tempo e espaço pode ser a chave para destravar seu potencial criativo e evitar a autossabotagem.
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vejo vocês no dia 25! beijos, JUPITER.
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quem escreve?
Juliana D’Andrea (JUPITER) é artista visual, comunicadora e designer gráfica. Deu início à sua experimentação com a colagem e as técnicas mistas em 2015 e até hoje segue criando e pesquisando sobre o recorte, a poética das imagens e a natureza das transformações nas suas criações artísticas. Facilita Oficinas de arte, criatividade e colagem desde 2018, no formato presencial e online. Trabalha com marcas, agências, editoras e grupos musicais na produção de materiais gráficos. Escreve no Fluxo Criativo desde 2023.
